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Manutenção preventiva: planejamento além do cronograma

A tecnologia em constante crescimento proporcionou a automatização de cada vez mais processos da linha de produção. Contudo, quanto mais maquinário utilizamos, mais prejuízo temos quando esses equipamentos apresentam falhas e paradas inesperadas. Pensando nisso, é essencial entender como prevenir esse tipo de situação. 

Por isso, compreender os tipos de manutenção que podem ser utilizados é essencial para conseguir construir e executar um bom plano de manutenção. Nesse texto, explicaremos tudo sobre a manutenção preventiva, um dos métodos utilizados para prevenir paradas inesperadas na produção da sua empresa.

De acordo com a NBR-5462, a manutenção preventiva é uma junção de ações e técnicas, efetuadas em um intervalo de tempo determinado, com o objetivo de prevenir possíveis falhas e panes em equipamentos e prejuízos futuros. Dessa forma, essa manutenção atua evitando paradas inesperadas de produção e custos elevados por conta de reparos emergenciais, também conhecidos como manutenção corretiva.

Como a manutenção preventiva funciona

A manutenção preventiva pode trazer diversos benefícios para a empresa. No entanto, seu uso não é aconselhável para todos os tipos de equipamentos. Isso acontece uma vez que sua ação é pautada no tempo de uso do maquinário, mas nem todos os equipamentos têm sua vida útil facilmente definida a partir do tempo. 

Análise dos Modos e Efeitos das Falhas (FMEA)

Para identificar em quais equipamentos utilizar a manutenção preventiva, pode-se utilizar a Análise dos Modos e Efeitos das Falhas. A FMEA é uma ferramenta de análise que transforma informações qualitativas em quantitativas. O método revisa o maior número possível de componentes e sistemas para identificar seus modos de falha, assim como suas possíveis causas e consequências. 

Critérios para adotar a manutenção preventiva

Além de saber para quais equipamentos a manutenção preventiva é mais indicada, o gestor também deve se atentar a alguns critérios que devem ser escolhidos para aplicar ao plano de manutenção do seu maquinário.

  • Intervalo de tempo: esse é um dos critérios para avaliação mais importantes. O time responsável pode criar um cronograma de revisão e manutenção do equipamento a partir do tempo estipulado pelo fabricante ou mesmo pela empresa, também levando em consideração sua forma de operação e condições as quais o equipamento foi exposto.
  • Horas de atividade: esse critério considera quantas horas corridas um determinado equipamento pode ter de atividade antes de necessitar de uma manutenção preventiva.
  • Volume de produção: esse é um critério que considera um número total de peças que um equipamento produz até que ele precise de uma manutenção.
  • Critério misto: no critério misto consideramos mais de um fator para a revisão do maquinário. Podemos considerar, por exemplo, um determinado intervalo de tempo, uma determinada quantidade de horas de atividade ou uma determinada quantidade de peças produzidas, o que acontecer primeiro, como sinal para a próxima manutenção.

Tipos de falha

Para entender o funcionamento da manutenção preventiva é importante compreender quais tipos de falha ela tem como objetivo evitar.

  • Falha potencial: a falha potencial é uma falha ainda em seu estágio inicial. Esse tipo de erro costuma aparecer antes de um defeito mais grave no equipamento, mas não provoca, ainda, problemas no funcionamento final desse maquinário. Por isso, é importante se atentar ao seu aparecimento e resolvê-la de forma rápida. Uma das ações da manutenção preventiva é solucionar e não deixar evoluir esse tipo de falha. 
  • Falha funcional: o principal objetivo da manutenção preventiva é evitar a falha funcional. Esse tipo de erro aparece quando o equipamento já apresenta um defeito grave, que prejudica seu funcionamento e leva a paradas na produção. Seu aparecimento traz muitos prejuízos à empresa e sua resolução é através de manutenções corretivas ou mesmo a troca do equipamento.

Custos da manutenção preventiva

Para, por fim, entender as principais facetas da manutenção preventiva, é fundamental entender os custos que a envolvem.

O primeiro custo importante que devemos considerar é o lucro cessante programado. Esse gasto é relativo ao tempo em que o equipamento fica parado para que a sua equipe consiga realizar a manutenção preventiva. Por mais que seja por um curto período programado, sua equipe precisa parar a produção para a revisão, e essa parada é responsável por uma média de 28% do custo da manutenção preventiva.

O segundo custo que deve ser levado em conta é o fato de que muitas peças serão repostas antes do fim, de fato, da sua vida útil. Estudos mostram que não é possível prever certeiramente quanto tempo uma peça irá durar. Por isso, utiliza-se uma margem de segurança para a reposição desses componentes e, por isso, muitas vezes eles são repostos bem antes de sua vida útil chegar ao fim. Esse desperdício gera gastos importantes para a empresa. Por isso, é recomendável que seu negócio também conte com um bom plano de manutenção preditiva. Explicaremos sobre essa categoria mais à frente.

As vantagens e desvantagens da manutenção preventiva

A manutenção preventiva possui vantagens e desvantagens. Cabe ao gestor entendê-las e analisar como a manutenção deve ser aplicada a sua empresa.

Vantagens da manutenção preventiva

Equipamentos conservados

Quando seu equipamento começa a apresentar algum tipo de problema, ele acaba gastando mais energia e forçando mais seus outros componentes, o que pode causar ainda mais danos. Com a manutenção preventiva, o seu time irá revisar e trocar os componentes dos equipamentos antes de apresentarem maiores falhas. Dessa forma, o estado que equipamento em si se mantém bom por um maior tempo, aumentando sua durabilidade. Com esse tipo de manutenção, geramos um gasto moderado com troca e revisão de componentes no tempo pré-determinado, mas com o objetivo de evitar gastos altos com a troca do maquinário completo ou com a manutenção corretiva e às pressas do equipamento.

Evitar a manutenção corretiva

Em uma análise inicial, a manutenção preventiva pode ser considerada mais cara do que a corretiva. Contudo, há gastos atrelados que devemos considerar quando falamos de manutenção corretiva. O principal deles é que a manutenção corretiva costuma ser feita em maquinário que já apresenta um defeito, ou seja, já está parado. Essa parada na linha traz ainda mais prejuízos à operação do negócio. Finalmente, em manutenções corretivas, pode ser mais difícil encontrar no mercado os componentes que devem ser trocados, podendo fazer com que sua aquisição saia por um preço maior

Mais tempo para inovar

Quando há um bom planejamento de manutenção em andamento, sua equipe tem mais tempo livre. Esse tempo, no lugar de ser usado para comprar peças às pressas ou procurar por novos equipamentos, pode ser usado para que seu time possa se dedicar à busca por inovações ou à busca por componentes com melhores preços.

Resolução de problemas

Com a revisão e manutenção preventiva, sua equipe conseguirá identificar as falhas dos equipamentos mais rapidamente, sem que ela possa ter se transformado em um grave problema. Assim, é possível resolver as possíveis falhas facilmente.

Desvantagens da manutenção preventiva

A manutenção preventiva pode trazer diversas vantagens para o seu negócio, mas essa ferramenta também possui algumas desvantagens. Sua execução pode ser trabalhosa e requer um alto grau de organização dentro do negócio. A manutenção também exige uma equipe capacitada e em sincronia, que consiga identificar os problemas no tempo devido e seguir os calendários de revisão dos equipamentos corretamente.

Manutenção preventiva x manutenção preditiva

Os termos são parecidos, mas se tratam de coisas diferentes. Os dois são métodos complementares de manutenção que funcionam bem separadamente, mas alcançam resultados excelentes quando executados em conjunto.

Como já explicado durante o texto, a manutenção preventiva se baseia em períodos pré-determinados para a revisão e manutenção de componentes dos equipamentos – podendo esse período ser determinado por parâmetros recomendados pelo fabricante ou pelos critérios da própria empresa.

Já a manutenção preditiva vai um pouco além. Ela se utiliza das informações colhidas dos seus equipamentos através da gestão de ativos para captar possíveis futuros problemas no seu maquinário. Desse modo, a manutenção acontece a partir de uma necessidade percebida do equipamento, mas sem que tenha que acontecer uma pane de fato.

Manutenção preventiva e a tecnologia

As tecnologias que envolvem a Indústria 4.0 trouxeram ainda mais vantagens e facilidades para a manutenção preventiva. Através das tecnologias e ferramentas de gestão de ativos, sua equipe pode ter uma grande quantidade de dados em tempo real de seus equipamentos. Essas informações são utilizadas com facilidade para ter uma visão ainda mais profunda sobre seu maquinário, melhorando seu monitoramento. 

Além disso, há diversos softwares que podem ser utilizados para gerenciar e organizar seus planos de manutenção de forma automatizada e de fácil acesso, sem contar na facilidade de gerenciar seus resultados.

Como implementar a manutenção preventiva na sua empresa

Para a montagem do seu plano de manutenção preventiva podem ser utilizados vários tipos de ferramentas, desde uma planilha do excel até mesmo um programa mais robusto de gerenciamento.

O mais importante na hora de montar seu plano é reunir informações fundamentais como quais serviços serão realizados, a data da sua realização, quem será o responsável, quais recursos serão necessários para a execução desses serviços e os materiais que serão aplicados.

Para ajudá-lo a entender melhor como a implementação funciona, trouxemos 5 passos básicos para montar seu plano de manutenção preventiva.

Passo 1: Mapear os seus equipamentos

Esse é o passo fundamental para começar um bom planejamento. Nesse passo é necessário identificar todos os seus equipamentos com suas informações de identificação, modelo, fabricante, local e quaisquer outros dados que possam ajudar na hora de planejar e realizar as manutenções.

Passo 2: Definir os processos e serviços necessários para cada equipamento

Nesse momento, você deve definir quais tipos de manutenção serão realizados em quais equipamentos – lembrando que a manutenção preventiva não é indicada para todo o seu maquinário. Esse é um bom momento para utilizar ferramentas como a Análise dos Modos e Efeitos das Falhas (FMEA), identificando quais equipamentos melhor responderão a quais modelos de manutenção.

Passo 3: Definir um calendário

Esse é o passo em que é feita a organização em si do seu plano. Você deve criar um calendário com as datas de manutenção, seus responsáveis, materiais a serem utilizados e o local de cada máquina. Além disso, esses equipamentos devem ser ordenados por prioridade, de acordo com os prejuízos que sua parada pode trazer à empresa ou de acordo com a frequência em que ele necessita de atenção.

Passo 4: Treine sua equipe

A capacitação do seu time não deve apenas ser executada esporadicamente, mas deve ser planejada. Ter uma rotina de capacitação e atualização torna seu time sempre apto para realizar as manutenções de forma mais eficiente e certeira. Por isso, esse planejamento não deve ser esquecido

Passo 5: Fique de olho nos seus indicadores

Não se contente em apenas aplicar o seu planejamento. É fundamental, a longo prazo, realizar o acompanhamento de indicadores que mostrem se suas demandas estão sendo cumpridas. Por isso, analise os objetivos da sua empresa com o plano de manutenção e sempre verifique se eles estão sendo alcançados.

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