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Internet das coisas: guia completo

IoT é a sigla para Internet of Things, que, em tradução livre, é conhecida como Internet das Coisas. Esse termo está aparecendo cada vez mais no nosso cotidiano e vários dispositivos “inteligentes” vêm sendo ofertados cada vez mais aos consumidores, prometendo praticidade e economia.

Leia este guia completo que preparamos para entender os impactos que essa tecnologia trará para a nossa sociedade.

A Internet das Coisas é uma junção de tecnologias que têm como objetivo a integração de diversos dispositivos do nosso cotidiano. Segundo Cleber Paradela, professor de futurismo na Pós-Graduação em Inovação, Design e Modelagem de Negócios da ESPM e head de brand experience da 99, “[…] IoT é a capacidade de você identificar, observar e controlar o mundo físico por meio de sensores”. 

A inovação é um sistema de dispositivos computacionais interligados, podendo ser máquinas digitais ou mecânicas, objetos ou até mesmo pessoas e animais – a partir de  identificadores, conhecidos como UDIs, que permitem a troca de dados sem que haja interação entre humanos ou entre humanos e computadores. 

A partir da tecnologia, é possível que dispositivos como relógios, geladeiras, carros ou mesmo óculos estejam conectados entre si e com o mundo virtual. Essa integração entre o mundo físico e digital é responsável por trazer inúmeras facilidades para o nosso dia a dia. 

Além disso, seu potencial vem crescendo nos últimos anos de forma exponencial a partir das novas tecnologias que estão sendo criadas, como, por exemplo, o 5G. Essa tecnologia já é responsável por conectar indústrias de diversos setores e promete ser capaz de conectar cidades inteiras

Como surgiu a Internet das Coisas

Muitos podem pensar que a Internet das Coisas surgiu apenas nos últimos anos. Essa confusão acontece porque o termo está muito relacionado às inovações que vêm surgindo nos últimos anos. Contudo, podemos ver sua presença de diferentes formas a partir do início do século XIX. O primeiro telégrafo eletromagnético, por exemplo (1832), é uma forma de conexão de dispositivos.

Mais à frente, tivemos o considerado primeiro dispositivo IoT da história. A inovação foi uma torradeira, criada por John Romkey, que podia ser ligada e desligada de forma online. Tal objeto foi projetado para a Conferência INTEROP de outubro de 89.

Entretanto, o termo Internet das Coisas surgiu apenas em 1999. Ele foi utilizado pela primeira vez por Kevin Ashton, diretor executivo da Auto-ID na época, em uma apresentação feita para a Procter & Gamble.

O impacto da criação do IPv6

Cada conexão de internet é ligada a um número de IP (Internet Protocol), o que faz com que cada dispositivo tenha um endereço único. No entanto, o mundo está cada vez mais conectado e a quantidade de IPs disponíveis é limitada. Até 2012, para a criação desses endereços, havia uma tecnologia chamada IPv4, que trabalha com uma sequência de 32 bits. De forma prática, isso significa que era possível criar aproximadamente 4 bilhões (4.294.967.296) de endereços, o que parece ser um número grande, mas, atualmente, já se mostra insuficiente para a nossa sociedade. Logo, foi necessária a criação de uma nova tecnologia – um avanço do IPv4 – capaz de comportar uma quantidade maior de endereços. Assim surgiu o projeto IPng (Internet Protocol next generation), que deu origem ao IPv6. 

A tecnologia funciona com uma sequência de 128 bits. Isso, na prática, significa que a inovação é capaz de comportar até aproximadamente 340 undecilhões (340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456) de endereços, o que é um número exorbitante

Uma fala marcante de Steven Leibson ilustra perfeitamente a dimensão do IPv6: “Poderíamos atribuir um endereço IPv6 a cada átomo na superfície da Terra e ainda ter endereços suficientes para fazer mais de 100 Terras”.

Como a Internet das Coisas funciona

Pode parecer complicado, mas, aqui, explicaremos de forma simples como a IoT funciona. Antes, é importante entender que o smartphone é um dos principais dispositivos utilizados com a Internet das Coisas no nosso cotidiano. Isso acontece porque ele é fácil de ser manuseado pelo usuário e pode ser utilizado de qualquer lugar para controlar todos os outros dispositivos conectados.

Para a criação de um sistema completo de IoT são necessários 4 elementos, que serão explicados um a um:

  • Sensores
  • Conectividade
  • Processamento de dados
  • Interface do usuário

Sensores

Os sensores são responsáveis por coletar dados do ambiente. Essas informações podem ser coisas bem simples, como apenas a temperatura do local, ou mesmo algo mais complexo, baseado em vídeos e imagens, por exemplo. Esses sensores podem estar presentes em diversos dispositivos, sendo o celular um bom exemplo, já que possui vários sensores (câmera, GPS, acelerômetro, etc).

Conectividade

Os dados coletados pelos sensores são, então, enviados para a nuvem. Para que isso aconteça, é preciso haver algum tipo de conexão. Ela pode ser, por exemplo, WiFi, Bluetooth ou LPWAN. A conexão escolhida pode variar de acordo com as necessidades do usuário.

Processamento de dados

Os dados, assim que chegam à nuvem, devem ser processados de alguma forma, dependendo do objetivo. Se for uma avaliação de temperatura do ambiente, por exemplo, o processamento pode ser algo bem simples, como checar se a temperatura aferida está nos parâmetros desejados. O processamento pode também ser mais complexo. Se o dado colhido foi um vídeo ou imagem para avaliação, podem ser usadas tecnologias para analisá-los à procura de uma pessoa ou mesmo objeto, por exemplo, em uma geladeira que avisa quando seus alimentos estão acabando.

Interface do usuário

É nesse momento que tudo o que foi coletado e processado apresenta uma função útil. A informação chega para o usuário, que deve escolher a ação a ser tomada, seja ela realizada pelo dispositivo (aumentar a temperatura) ou pelo próprio usuário (comprar mais comida).

As tecnologias que possibilitam a existência da IoT

Computação em nuvem

A Computação em nuvem é uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento das tecnologias de IoT. Isso porque uma quantidade extraordinária de dados são coletados e precisam ser armazenados com segurança. A estrutura em nuvem permite que seja feita a alocação apenas do espaço de armazenamento necessário no momento, também sendo possível seu aumento com facilidade – o que permite a fácil escalabilidade do projeto.

Para saber mais sobre o assunto, leia nosso texto: Como a computação em nuvem inovou a gestão de ativos.

Inteligência artificial conversacional

Com os avanços tecnológicos de redes neurais artificiais, foi possível introduzir recursos como o processamento de linguagem natural (NLP) aos dispositivos de IoT. Dessa maneira, eles são capazes de interagir por voz e aprender cada vez mais com o usuário. Temos como exemplo os assistentes virtuais, como Siri, Alexa ou Cortana.

Machine learning e big data

O desenvolvimento dessas tecnologias são essenciais para a IoT. Com uma quantidade cada vez maior de sensores, a quantidade de dados coletados tende a acompanhar esse crescimento. Dessa forma, é essencial ter a capacidade de armazenar e analisar essas informações, que serão responsáveis por criar diversos insights. Além disso, o desenvolvimento da Internet das Coisas tende a contribuir com o avanço dessas tecnologias, uma vez que seus dados são utilizados para alimentar o aprendizado desses sistemas.

Acesso à tecnologia de sensores de baixo custo

Os sensores são uma das partes primordiais de um sistema de Internet das Coisas. Por isso, seu custo impacta diretamente no custo da aplicação. Antes mais caros e inacessíveis, hoje, esses sensores vêm se tornando cada vez mais baratos e confiáveis. Portanto, a tecnologia de IoT vem sendo barateada como consequência.

As vantagens e desvantagens do uso da Internet das Coisas

Vantagens

Automatização

A maior automatização promete facilitar diversos processos do nosso cotidiano. A partir de um smartphone ou algum outro dispositivo, podem ser disparadas séries de atividades automáticas que simplificam o dia a dia. 

Um exemplo seria, imaginando um ambiente totalmente conectado, você acordar com o toque do seu despertador que, quando desligado, envia um comando para sua cafeteira começar a preparar seu café, enquanto seu assistente virtual te fala a previsão do tempo e suas lâmpadas são acesas. Já, ao sair de casa, o seu celular percebe, através do GPS, a movimentação e envia o comando para que suas luzes sejam apagadas e o ar condicionado desligado. Ao mesmo tempo, a geladeira verifica que seu leite acabou e já envia um pedido de compra para o mercado com a quantidade de leite que você costuma ter em casa, enviando-lhe apenas uma mensagem de aviso sobre a compra.

Smart Cities

As cidades inteligentes são totalmente conectadas e automatizadas. Essa é a promessa de um empreendimento com menores gastos e mais facilidade de acesso a dados importantes. Através do uso da Internet das Coisas, é possível, por exemplo, que as luzes da cidade sejam geridas automaticamente para acenderem durante o dia e apagarem à noite. Não apenas, é possível também ter acesso em tempo real a dados como vibração de prédios, pontes e outras estruturas – isso ajuda a prevenir acidentes e tragédias.

Economia

Com a Internet das Coisas é possível aumentar a eficiência de diversos processos. Por exemplo, com os dispositivos se comunicando de forma efetiva, é possível desligar o que não estiver em uso e religar apenas no momento ideal. 

Novas oportunidades de negócios

A Internet das Coisas precisa coletar uma quantidade extraordinária de dados. Esses dados podem ser usados para gerar muitos insights. A partir dessas informações, é mais fácil entender o comportamento da população e suas necessidades atuais e futuras. Portanto, com a IoT é possível ter ideias de novos produtos e mercados e serem explorados – oceanos azuis.

Desvantagens

Complexidade

Com o uso de IoT é possível criar sistemas vastos e complexos estruturalmente. Essa possibilidade pode ser um pouco perigosa. Isso porque se houver falha em um único componente, pode haver uma falha no sistema como um todo, ou seja, uma pequena diferença pode trazer consequências desastrosas.

Compatibilidade

Os dispositivos com IoT estão se tornando cada vez mais comuns. Vários fabricantes estão aderindo à tecnologia e produzindo seus próprios gadgets. Entretanto, essa variedade de produtos pode se tornar um problema. Cada fabricante produz de acordo com as suas necessidades, utilizando-se de diferentes estruturas. Portanto, esses dispositivos podem não ser compatíveis entre si, causando um aborrecimento ao consumidor, que acaba se vendo obrigado a comprar produtos sempre das mesmas marcas.

Segurança

Os seus dados mais pessoais estarão sendo coletados e transmitidos entre os dispositivos IoT. Há, contudo, uma possibilidade de pessoas mal intencionadas conseguirem acessar esses dados. O problema de segurança da Internet das Coisas ficou mais aparente com seu crescimento desenfreado. Por isso, é importante estar atento às certificações de segurança dos seus dispositivos, bem como a forma como essas informações são encriptadas.

Menos empregos

A partir da grande automatização proporcionada pelo uso de Internet das Coisas, alguns cargos necessitarão menos da intervenção humana. Logo, atividades mais mecânicas tendem a oferecer menos vagas, uma vez que a mão de obra humana pode ser substituída pela automatização de tarefas.

Internet das Coisas na gestão de ativos

Falamos muito sobre os impactos da Internet das Coisas no nosso cotidiano. No entanto, a IoT também tem uma grande ação nos negócios. A tecnologia traz impactos importantes quando utilizada para a gestão de ativos.  

Seu principal benefício está na possibilidade de ter informações em tempo real, tais como status, localização e condição de seus ativos. Dessa forma, há uma maior eficiência na gestão, possibilitando programar melhor as suas manutenções e quaisquer outras ações necessárias. Todas essas possibilidades ajudam o gestor a entender melhor o ciclo de vida dos seus ativos e a reduzir custos à organização.

Outra vantagem do uso da Internet das Coisas na gestão de ativos é a menor participação humana nas operações. Além dos menores custos, tal situação ajuda a reduzir riscos no ambiente.

Setores que podem se beneficiar do uso da Internet das Coisas

Manufatura

O setor de manufatura pode fazer um grande uso da Internet das Coisas. Através dela, é possível ter um maior controle de toda a produção, incluindo os equipamentos. Dessa forma, é possível, por exemplo, evitar paradas repentinas por falhas estruturais. Logo, o uso de IoT pode trazer redução de custos, melhor gerenciamento do tempo de atividade e dos ativos.

Automotivo

Além de todos os benefícios de gestão dos ativos relacionados à linha de produção, a Internet das Coisas pode revolucionar a experiência do usuário que compra um automóvel. Através dessa tecnologia, é possível que o próprio sistema do automóvel consiga identificar erros, falhas e condições dos equipamentos utilizados nos veículos, avisando o motorista em tempo real.

Transporte

O setor de transporte e logística, no geral, tem um grande uso para a Internet das Coisas. Podem ser utilizados sensores para acompanhamento da temperatura de caminhões que transportam alimentos ou mercadorias termossensíveis. O setor também pode utilizar esses sensores para o acompanhamento de inventário e para o rastreio e acompanhamento do estado de caminhões que estão em rota.

Varejo

A Internet das Coisas pode impactar o setor de varejo permitindo a redução de custos, melhoria da experiência do cliente ou mesmo melhor gerenciamento de estoques. Além disso, a tecnologia pode ser usada para inovar os serviços oferecidos ao consumidor.

Saúde

Para a área da saúde, saber a localização exata dos seus ativos é ainda mais importante. Com a IoT, é possível localizar em tempo real equipamentos de assistência aos pacientes, como cadeiras de roda. Dessa forma, os enfermeiros e técnicos conseguem reduzir o tempo gasto em processos, oferecendo um serviço mais eficiente.

Internet das Coisas e o 5G

O advento do 5G é mais uma evolução que promete mudar a forma como vivemos. O 5G não é apenas uma internet mais rápida. Sua promessa de alta velocidade, baixa latência e alta cobertura é capaz de tornar nosso mundo ainda mais conectado.

A partir dessa tecnologia, será possível que ocorram, por exemplo, cirurgias robóticas em que o paciente e o cirurgião não estão ao menos no mesmo país. Suas aplicabilidades são infinitas, sendo uma delas a fomentação da Internet das Coisas.

Com o 5G, a Internet das Coisas poderá ser uma parte ainda mais presente da nossa rotina. A qualidade e a velocidade de rede nunca antes vistas fazem com que as informações colhidas possam ser transferidas com uma velocidade extraordinária, logo, também podem ser colhidos dados ainda maiores.

Internet das Coisas no Brasil

No Brasil, o uso da Internet das Coisas vem aumentando. Em 2020, o Governo Federal sancionou uma nova lei, que tem como objetivo impulsionar o uso de IoT no país. Essa lei trouxe benefícios como redução tributária de equipamentos que se relacionam com as estações de telecomunicações. Também houve mudanças nas regras para o licenciamento desses equipamentos junto à ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).

Contudo, o crescimento da IoT dentro do país encontra um obstáculo. A implementação da tecnologia do 5G dentro do território nacional ainda se encontra lenta e atrasada. O leilão do 5G está atrasado, e foi adiado mais uma vez. A previsão inicial era para março de 2020, entretanto, sua previsão atual é para outubro de 2021. Enquanto houver atrasos, estaremos retardando os avanços tecnológicos que seriam possíveis através da união 5G e IoT.

 

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